Resenha: A Essência do Mal

by - 12:13


A Essência do Mal é um livro que me deixou instigada desde o princípio. Sou fã de bons suspenses e a premissa de uma história que mistura elementos fantásticos e reais me pareceu bem interessante. A Essência do Mal se mostrou uma narrativa que instiga e incomoda desde a primeira página, mas peca em pontos cruciais.

Quer saber o que eu achei do livro? Então confira a resenha de A Essência do Mal:

"Um lugar amaldiçoado.
Um caso abandonado.
Um assassino que não deixa rastros.
Jeremiah Salinger ganha a vida fazendo documentários, até que se muda com a família para uma
região remota da Itália. Lá, após um acidente com o helicóptero em que está fazendo uma
filmagem, passa a ser atormentado pela ideia de que existe nas montanhas ao redor uma força que
não consegue entender e a que chama de A Besta.
Anos depois, em um passeio com a filha no Bletterbach — um desfiladeiro com toneladas de
fósseis —, Jeremiah escuta uma conversa que lhe dá um novo foco na vida. Em 1985, três jovens
foram mortos ali, e seus corpos, desmembrados por um assassino que nunca foi descoberto.
Para solucionar o mistério, que marcou uma cidade inteira por décadas, Jeremiah mergulha em
um quebra-cabeça macabro e fascinante."


FICHA TÉCNICA


Título: A Essência do Mal
Autor: Luca D'Andrea
Ano: 2018
Páginas: 368
Idioma: Português
Editora: Intrínseca
Nota: 3.5/5  
Compre: Amazon 
Comprando por esse link você ajuda e incentiva o Nostalgia Cinza



A Essência do Mal é um livro um tanto quanto complexo de descrever. Minha experiência com o livro variou de curiosidade mórbida à incômodo intrínseco e tédio incomum. Como elementos tão antagônicos se misturam?

Luca D'Andrea consegue criar um suspense bem elaborado no começo da narrativa. A tensão está no ar desde o primeiro parágrafo e é impossível não se sentir tentado a passar as páginas e conferir o que acontecerá em seguida. Desde o acidente com os socorristas que estrelam o documentário de Salinger até a descoberta de um assassinato horrível não resolvido, o autor faz uso de descrições minuciosas e diálogos dignos de um bom suspense. É possível sentir a atmosfera tensa de forma quase palpável desde o princípio, o que, apesar de admirável, faz com que a leitura não corra de forma tão fluida.

O incômodo está relacionado ao clima cinzento de toda a história, desde o comportamento dos personagens até a ambientação do Bletterbach, principal cenário do livro. A capa do livro representa perfeitamente a sensação de mergulhar nessa história: nebulosa e acinzentada. Por causa da atmosfera do livro, o incômodo se torna maior do que a curiosidade, o que prejudica o suspense.

Combinando esses elementos, muitas vezes senti que a leitura se arrastava e a história se tornava maçante. Acredito que muitos diálogos poderiam ter sido reduzidos e muitas cenas poderiam ter se desenvolvido com mais rapidez. O autor tenta dar tanta credibilidade para a história e torná-la o mais real possível e às vezes isso fez com que a expectativa criada em cima da narrativa se transformasse em pequenas decepções.

"É sempre assim. No gelo, primeiro se ouve a voz da Besta, depois se morre.
Blocos de gelo e abismos idênticos àquele em que eu me encontrava estavam cheios de alpinistas e escaladores que tinham perdido as forças, a razão e por fim a vida por culpa daquela voz.
Parte da minha mente, a parte animal que conhecia o terror - porque no terror vivera por milhões de anos - compreendia o que a Besta estava sibilando.
Oito letras:
- Vá embora." Página 7


Entretanto, o livro tem seus pontos extremamente positivos, especialmente a partir da segunda metade do livro. O autor consegue criar tamanho clima de suspense que é impossível não sentir a angústia de Stalinger e ficar questionando a veracidade de cada informação coletada pelo protagonista.

Além disso, o autor consegue entrar na mente do leitor e puxá-lo para dentro do enredo em diversos momentos de forma assustadora. Estou acostumada a ler histórias de pscicopatas reais com crimes detalhados de forma quase exagerada e mesmo assim me senti tão horrorizada quanto Stalinger, o personagem principal. O autor também consegue desenvolver bem os personagens coadjuvantes, o que enriquece a história e faz com que cada personagem tenha algo a acrescentar ao desenvolvimento da narrativa. Clara, filha de Stalinger, é um dos pontos mais fortes do livro. Com sua personalidade peculiar e raciocínio típico de uma criança bem esperta, ela dá brilho aos momentos em que participa e quebra bastante o clima pesado da narrativa.

"Aniversários e triângulos com a ponta virada para cima. E uma alma que a pressão implacável do tempo tornara insensível como uma rocha, rocha que, tal como tinha acontecido no Bletterbach, fora moldada a tal ponto pelo ódio que era capaz de trazer novamente à luz o indizível enterrado no coração de cada ser humano." Página 351


A Essência do Mal também ganha pontos no quesito descrição. Luca D'Andrea consegue criar cenários e inserir o leitor em cada um dos lugares de forma primorosa, o que torna a narrativa bem visceral em diversos momentos.

O livro é recheado de plot twists e cada final de capítulo representa uma mudança drástica no enredo. Entretanto, enquanto a primeira grande reviravolta fazia sentido e concluiria a história de maneira aceitável, a segunda não é nada convincente e destrói grande parte da lógica que havia sido construída ao longo de toda a narrativa.

A Essência do Mal é um livro que divide opiniões extremas. Enquanto alguns vão se sentir bem imersos na leitura e considerarão o livro como um belo suspense, outros terão expectativas quebradas e se sentirão um pouco frustrados. Para mim é um livro interessante e peculiar, mas que não ganharia uma segunda leitura.


Gostou da resenha e quer conferir outra história de suspense? Então confira a resenha de Eu sei onde você está!

"Tentei responder ao seu chamado, sem sucesso. Meus lábios estavam selados. Então comecei a correr para chegar aonde a voz estava mais alta. Era uma sala circular, com paredes de pedra. Pedras brancas que gotejavam sangue. No centro da sala, um poço.
Aproximei-me. 
Clara estava lá.
Então, enquanto a minha filha continuava invocando meu nome, eu me joguei naquela imensa pupila de trevas."


Quer ficar por dentro de todos os posts do Nostalgia Cinza? Então assine a newsletter! É só colocar seu email, prometo não encher sua caixa de entrada <3

You May Also Like

11 comments

  1. Adorei a resenha! Já estou colocando o livro na lista de leituras, tbm amo suspense <3

    ResponderExcluir
  2. Não tenho o costume de ler livros de suspense, mas estou querendo começar a ler coisas diferentes. Adorei a dica, vai pra minha lista!

    ResponderExcluir
  3. Chocadíssima por conhecer um livro tão bom em pleno 2018, fala sério, suspense é tudo de bom!!!

    ResponderExcluir
  4. Nossa, é tão chato quando a gente se prende a uma leitura que parece ser tão interessante e aí no meio, tudo se amorna e perde a graça :( Mas vale a pena não deixar o livro pela metade, né?
    Obrigada pela resenha sincera!

    ResponderExcluir
  5. nao é o meu genero preferido mais esses livros me atrai bastante rs a historia toda trazendo uma tensao que só lendo para saber as surpresas que nos trará no final

    ResponderExcluir
  6. Eu não gosto muito de suspense e terror pq fico com medo real! Kkkk Já senti medo ao ler sua resenha, imagina o livro! Kkkk muito bem escrito e interessante saber as emoções que você sentiu.. infelizmente vou passar longe dele! Kkkk

    ResponderExcluir
  7. Que livro incrível é esse? Meu Deus, já quero muito ler. Parabéns pela resenha!

    www.jessicanovaes.com.br

    ResponderExcluir
  8. Antes de mais nada, adorei sua sinceridade na resenha, assim como as fotos.
    Quando você disse que o clima cinzento do livro se estendo aos personagens, só consegui lembrar de um livro que li há dois anos: A Garota dos Pés de Vidro. Ele segue um cenário monocromático que se reflete nas personalidade um tanto frias de todo mundo. Não sei se isso seria um ponto negativo para mim, pois volta e meia me pego lendo livros assim (e eu também gostei demais d'A Garota dos Pés de Vidro hehe).
    A edição está linda, e esse é mais ponto positivo para me instigar a ler. A premissa também me chamou bastante a atenção :)

    ResponderExcluir
  9. Esse não é bem o tipo de livro que me pega, sou mais de romances bem clichês hehehe masse a história é boa eu consigo facilmente me perder na leitura. Gostei muito da premissa desse e principalmente da capa!
    P.S: AMEEEEI SEU FEED NO INSTA
    beijos,

    Amanda
    www.amandasoldi.com

    ResponderExcluir
  10. Não conhecia o livro, mas fiquei super a fim de ler, geralmente coisas com temática suspense/terror me interessam bastante, apesar de eu costumar ler mais mangas vou dar uma lida no livro, sinto que irei gostar

    ResponderExcluir