Resenha: A Batalha

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A batalha fluvial de Mbororé representou um importante, porém, pouco falado capítulo da história brasileira. Em 1641, povos originários davam início ao que viria a ser a derrota dos bandeirantes, durante uma tentativa de dominação dos aldeamentos jesuítas. A batalha ficou conhecida como um ato de resistência por parte dos guaranis, um dos povos originários do Brasil, no Rio Uruguai.

A Batalha, de Fernanda Verissimo e Eloar Guazzelli, conta a história desse conflito e convida o leitor a fazer uma viagem do tempo pelas páginas de um quadrinho extremamente relevante. 

"É 1756, estamos na redução de São Luís , onde se concentram as forças guaranis, reunidas por caciques que não aceitaram os termos do tratado de Madri e resolveram lutar contra as coroas ibéricas para permanecerem nas reduções. São passados mais de cem anos da batalha fluvial de Mbororé, e há iminência de um novo conflito que colocará novamente frente a frente índios guaranis e tropas espanholas e portuguesas.

Às vésperas desse embate, um cacique e um padre jesuíta contam a um menino índio sobre a vitória acontecida em 1641, quando os guaranis – fugindo dos paulistas, que buscavam escravizá-los – e alguns padres jesuítas organizam a resistência numa curva do rio Uruguai chamada Mbororé. Esta batalha decisiva é recriada de modo extraordinário pelo roteiro de Fernanda Veríssimo e o traço de Eloar Guazzelli. Serão oito dias de combate até a vitória final, quando, forçados a se embrenharem na mata, os paulistas serão caçados pelos guaranis. Prepare seu coração para entrar nessa narrativa ao mesmo tempo trágica e insurgente."


FICHA TÉCNICA
Título: A Batalha
Autores: Eloar Guazzelli e Fernanda Verissimo
Páginas: 96
Ano: 2022
Editora: Quadrinhos na Cia (Companhia das Letras)
Nota: 3,5
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LIVRO CEDIDO EM PARCERIA COM A EDITORA


A Batalha começa em 1756, às vésperas de uma batalha que colocará guaranis e as tropas de duas coroas europeias frente a frente. A confronto acontece mais de 100 anos após a batalha fluvial de Mbororé, que marcou a instalação definitiva dos trinta povos das missões. 


Fazendo uso de paletas de cores diferentes para representar dois momentos históricos distintos, A Batalha nos leva a 1641 e 1756. Como o jovem Inácio, um menino guarani a quem essa narrativa é contada, o leitor se vê vagando entre um passado não tão distante e um presente que se desenrola aos seus olhos. Um capítulo sépia, desbotado pela passagem do tempo dá lugar a quadros macabros, mesclando um vermelho sangrento e um preto chapado nas páginas. 

A edição da Quadrinhos na Cia, selo dedicado aos quadrinhos da Companhia das Letras conta com texto de Fernanda Veríssimo, ilustraçõe de Eloar Guazzelli e posfácio de Francisco Doratioto. 



Curta, sem muito texto e visualmente impactante, A Batalha faz uso do melhor da nona arte para apresentar dois capítulos importantíssimos da história brasileira. Um registro histórico poderoso e uma obra de arte para o leitor de quadrinhos. 

Com uma linguagem formal, característica da época em questão, o texto de A Batalha não é tão facilmente entendido. O contexto histórico apenas é mastigado para o leitor no posfácio que acompanha a edição. Recomendo pesquisar um pouco melhor sobre a história antes de mergulhar no quadrinho ou começar pelo posfácio, caso o leitor não veja problemas. 



A linguagem e a objetividade do texto original deixaram a desejar porque gostaria de ter tido mais contato com a história como um todo. Acredito que existe muito a ser explorado, seja por meio de mais páginas ou mais textos complementares, o que acabou pesando na minha nota final, o que não tira os méritos desse trabalho notável. 

Para além da história gráfica, o texto complementar de Francisco Doriatioto é um verdadeiro acréscimo à edição. Além de contextualizar as Grandes Navegações que deram início à colonização das Américas, o autor também discorre sobre o conflito entre Portugal e Espanha, o papel das missões jesuítas e sua influência no que viria a ser a batalha de Mbororé e situa o leitor a respeito dos desdobramentos que levaram a esse capítulo da história brasileira. Nas palavras de Doriatioto, "uma saga extraordinária numa curva perdida do rio Uruguai". 

PARA COMPLEMENTAR: recomendo a matéria do Aventuras na História, que se aprofunda um pouco mais na batalha fluvial de Mbororé, clique aqui

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