Resenha: Mundo em Caos

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Mundo em Caos, escrito por Patrick Ness, narra uma distopia que chama a atenção por suas nuances e reflexões vindas de um garoto de treze anos. Em um mundo onde as mulheres foram exterminadas e todos os pensamentos dos homens que restaram podem ser ouvidos por todos, é difícil não se perder no limite entre a sanidade e a loucura.

Quer saber o que existe de tão interessante no livro de Patrick Ness? Então confira a resenha de Mundo em Caos!

"Em um mundo pós-apocalíptico, uma infecção rara e perigosa causou o inimaginável: a morte de todas as mulheres. O mesmo germe fez com que os pensamentos dos homens se tornassem audíveis, e agora o caótico Ruído está por toda parte. É impossível guardar segredos no Novo Mundo.
Todd Hewitt é o único garoto entre os homens da cidade de Prentisstown, e mal pode esperar para se tornar um deles. No entanto, o lugar esconde algo grave, capaz de mudar o futuro de Todd e do Novo Mundo para sempre. A apenas um mês de se tornar homem, um segredo impensável é revelado, e ele se vê forçado a fugir antes que seja tarde demais. Acompanhado por seu fiel escudeiro, o cachorro Manchee, ele empreende uma jornada repleta de perigos e se depara com uma criatura estranha e silenciosa: uma garota. Mas quem é ela? E por que não foi morta pelo germe como todas as mulheres?
Publicado em mais de trinta países, Mundo em caos é o primeiro volume de uma distopia perturbadora sobre os laços que forjamos em situações extremas e traz à tona a infinita insensatez humana diante das diferenças. A adaptação cinematográfica da obra terá Tom Holland e Daisy Ridley como protagonistas. A Intrínseca relança em uma edição especial, com tradução inédita e um conto extra, a série que consagrou Patrick Ness como um dos maiores nomes da literatura jovem."


FICHA TÉCNICA

Título: Mundo em Caos
Autor: Patrick Ness
Ano: 2019
Páginas: 480
Idioma: Português
Editora: Intrínseca
Nota: 3,5/5 
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Mundo em Caos se passa em um futuro distópico em que parte da humanidade se mudou para outro planeta, o Novo Mundo, em busca de uma vida mais próspera. Nesse Novo Mundo os habitantes são contaminados com o germe do Ruído, que faz com que os todos os pensamentos dos homens possam ser ouvidos, sem filtros, e extermina todas as mulheres e metade dos homens. Todd Hewitt, o último garoto entre todos os homens, precisa aprender a ser quem é em um mundo hostil e misterioso. Prentisstown guarda mais segredos do que Todd consegue compreender e Mundo em Caos nos faz viver, na pele do jovem, uma realidade assustadora.


"Então o que você tem que lembrar, o mais importante de tudo que eu posso dizer aqui, é que o Ruído não é a verdade. O Ruído é o que os homens querem que seja verdade, e tem uma diferença tão grande entre os dois que você pode até morrer por causa disso se não tomar cuidado." Página 30


O que mais me chamou a atenção na narrativa foi a perspectiva de um mundo apenas de homens. Fiquei extremamente tentada a descobrir como eles manteriam uma sociedade sem mulheres e se isso seria possível. Além disso, achei exatamente irônico o fato de que os homens precisariam lidar com o fato de que todos os seus pensamentos, sejam eles quais forem, estariam expostos para todos os outros.

Desde o começo somos apresentados ao caos gerado pelo Ruído e como isso afeta os homens, principalmente Todd. Além disso, algumas características desse estranho planeta são reveladas, como por exemplo os Spackle, um povo alienígena que habitava o Novo Mundo antes dos primeiros colonos humanoides aterrissarem. Esse mundo novo, por sinal, se assemelha bastante à Terra, muitas vezes era fácil esquecer que toda a narrativa se passa em outro planeta. É um planeta que possui água em abundância, vegetações bem semelhantes à da Terra, flora e fauna, com apenas alguns animais mais peculiares, segundo as descrições de Todd.




Toda a questão em torno do Ruído é bem interessante e o autor conseguiu colocar isso de maneiras surpreendentes. O Ruído seria o maior símbolo desse mundo caótico, com pensamentos e vozes de todos os homens e, inclusive, animais ecoando de forma incessante. O Ruído também é caótico, representando o limita da loucura que assombra todos os habitantes, a cada instante de todos os dias.

Além da própria caracterização do Ruído e constantes descrições a respeito dele ao longo de todo o texto, a editora Intrínseca, na edição do livro, soube brincar de um jeito bem interessante com a diagramação. Ao representar, de forma visual, o Ruído que aparece em todo o texto, o leitor tem um gostinho do que é essa loucura que representa o Novo Mundo.

"Essa é a questão. Ruído é ruído. É zunido e interferência e na maior parte do tempo vira uma grande baderna de som, pensamento e imagem, e boa parte do tempo não dá pra entender nada. A mente dos homens é um lugar confuso, e o Ruído é como se fosse o rosto vivo dessa confusão. No Ruído existe a verdade, mas também existem as fantasias do homem e o que ele imagina, e o Ruído diz uma coisa e o completo oposto ao mesmo tempo, e a verdade está ali, isso é certo, mas como saber o que é verdade e o que não é quando você vê tudo?" Página 47



Tudo começa a mudar quando o aniversário de 13 anos de Todd começa a se aproximar. Em Prentisstown, cidade onde se passa a trama, um menino se torna homem quando completa 13 anos, e Todd não faz ideia do que esperar, já que parece ser um evento misterioso e esperado por todos. Seus pais adotivos, Ben e Cillian, o obrigam a fugir, com seu cachorro Manchee, pelo pântano rumo a um destino incerto com os piores homens de Prenrisstown perseguindo-o.

A trama não demora a se desenrolar e já nas primeiras páginas somos levados pelas aventuras de Todd. Além dos próprios acontecimentos que ajudam a prender a atenção, a narrativa é repleta de diálogos e pouquíssimas descrições extensas, então a leitura flui de forma bem tranquila. Os personagens também são bem marcantes e, mesmo não sendo trabalhados em profundidade, é fácil criar afinidade e torcer por seu desenvolvimento ao longo da trama.

"O Ruído é o homem sem filtro, e, sem filtro, o homem é só caos em movimento." Página 48



Mesmo tendo achado toda a narrativa bem interessante e ter lido o livro relativamente rápido, confesso que a leitura não me prendeu tanto quanto eu esperava. Estou gostando cada vez mais de ler distopias e pensei que ficaria apaixonada por Mundo em Caos, mas não foi tão assim.

Acho que a abordagem superficial de alguns personagens, a narrativa muito acelerada e a falta de uma motivação convincente por parte dos vilões me desmotivaram um pouco. Como é apenas o primeiro volume dessa trilogia, acredito que o autor ainda explorará bastante as possibilidades que essa narrativa tão diferente proporciona. É uma boa leitura, apenas acredito que poderia existir uma profundidade maior, pensando no potencial do Ruído.


Preciso dizer que essa é uma das edições mais lindas que tenho da Intrínseca. Além da capa convidativa por si só, os detalhes em verniz localizado deram um toque a mais, remetendo-se ao Ruído tão falado no livro de uma forma sutil, mas poderosa. Além disso, a pintura trilateral em vermelho deu um tom ainda mais potente ao livro, deixando-o mais sério e forte. Por fim, a diagramação toda também é genial. Em cenas que abordam a intensidade do Ruído, várias palavras são dispostas de forma caótica pela página, algumas vezes até se sobrepondo aos blocos de texto. Um trabalho de edição realmente primoroso.

Mundo em Caos é um ótimo livro para sair de uma ressaca literária e para mergulhar um pouquinho mais em narrativas distópicas. Um livro interessante, envolvente e excelente para passar o tempo. Não tenho dúvidas de que essa história renderia uma excelente adaptação para as telonas e adoraria ver a história de Todd ganhando novos formatos.

Gostou do livro e quer conhecer outra narrativa interessante e envolvente? Então confira a resenha de Matadouro-cinco!


"Tudo nesse planeta conversa entre si. [...] Tudo. Isso é o Novo Mundo. Informação o tempo todo, sem parar, querendo ou não. [...] E informação demais pode levar um homem à loucura. Informação demais se torna apenas Ruído. E ele nunca, nunca para." Página 365



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