Resenha: Olhos de carvão
Quando Olhos de carvão chegou, em parceria com o Grupo Editorial Record, gostei de saber que o autor é nacional e meu conterrâneo. Os contos se passam, em sua maioria, em Minas Gerais e foi divertido ver alguns lugares tão familiares enfeitando suas páginas.
Adoro me aventurar pela escrita de autores nacionais, gosto de conhecer nomes que estão escrevendo suas histórias na nossa literatura e sempre acho válido compartilhar seus títulos por aqui. Afonso Borges é um escritor que sabe brincar com as palavras e criar histórias perfeitamente críveis.
Quer saber o que achei do livro? Então confira a resenha de Olhos de carvão:
“O que se percebe em Afonso Borges é, primeiro, uma amplíssima bagagem literária; um convívio longo, íntimo e intenso com a arte narrativa.” Alberto Mussa
Ao resvalar do plano real para o simbólico, a linguagem sempre poética de Afonso Borges dá aura singular aos contos aqui reunidos, que muitas vezes não passam de um flagrante, mais próximos da crônica do que do conto tradicional. A mescla de linhas narrativas e a alternância de tempo ou espaço revelam também o domínio de técnica muito difícil de executar em dimensão tão curta. Olhos de carvão marca a estreia de Afonso Borges – criador do projeto Sempre Um Papo e da Fliaraxá, e autor de outros cinco livros – como contista."
Ao resvalar do plano real para o simbólico, a linguagem sempre poética de Afonso Borges dá aura singular aos contos aqui reunidos, que muitas vezes não passam de um flagrante, mais próximos da crônica do que do conto tradicional. A mescla de linhas narrativas e a alternância de tempo ou espaço revelam também o domínio de técnica muito difícil de executar em dimensão tão curta. Olhos de carvão marca a estreia de Afonso Borges – criador do projeto Sempre Um Papo e da Fliaraxá, e autor de outros cinco livros – como contista."
Título: Olhos de carvão
Autor: Afonso Borges
Ano: 2017
Páginas: 112
Idioma: Português
Editora: Grupo Editorial Record (Galera Record)
Nota: 3/5
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LIVRO CEDIDO PELA EDITORA
LIVRO CEDIDO PELA EDITORA
Olhos de carvão é um livro bem pequeno, tem pouco mais de 110 páginas e é uma coletânea de curtos contos. Isso me chamou a atenção porque adoro livros de contos e raramente encontro histórias curtas como as desse livro. Eles não passam de duas páginas e, várias vezes, senti como se estivesse lendo uma coletânea de crônicas; tranquilas, rápidas e cotidianas.
Por ser um livro pequeno e recheado de contos breves, a leitura flui rapidamente. Além disso cada conto - capítulo - é separado por uma página em branco, o que faz o livro parecer ainda maior do que realmente é. É um livro objetivo e direto, uma leitura que pode ser feita de uma vez, em uma hora.
“Fim de tarde, noite chegando, juntou três jagunços, selaram cavalos e foram passear. Escureceu de repente. No final de uma curva, mata fechada, um brilho mínimo. Seu João parou, deu uma empinada no cavalo, voltou, pegou o menino pela cacunda e o jogou violentamente uns dois metros para o lado, no meio do mato. Fica quieto aí. Foi a conta de falar e o tiroteio começou. Emboscada. No escuro, tiro parece fogo de artifício. O revólver brilha. Durou uma eternidade."
Cada conto, por mais curto que seja, tem sua profundidade e cada leitor interpretará sua mensagem de uma forma diferente, certeza. Afonso Borges cria histórias que brincam com a linha tênue entre realidade e fantasia e conduz o leitor através de suas palavras bem pensadas e escritas. É inegável dizer que Afonso sabe o que faz, que o autor tem sua própria voz muito bem delimitada. A padronização dos títulos que sempre abordam três elementos da narrativa é apenas um exemplo do cuidado com a estética do livro e da uniformização dos contos. Até a forma com que cada conto se encerra é pensada com cuidado. A maneira de conduzir o texto é bem diferente da maioria dos contos porque o autor opta por quebrar a narrativa muitas vezes no clímax da história.
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Os problemas que encontrei ai longo da narrativa são extremamente pessoais porque Afonso Borges não peca na escrita em nenhum momento. Os dois primeiros contos me chamaram muito a atenção, mas depois de algumas páginas senti que a leitura se tornou monótona e fui perdendo o interesse aos poucos. O mesmo ponto positivo a respeito da quebra da narrativa logo no clímax de cada conto também foi responsável por me frustrar. A cada vez que eu mergulhava na história ela se encerrava abruptamente.
Olhos de carvão não é um livro para todos os públicos e faixas etárias, é um livro para um leitor mais experiente, que está acostumado a degustar o livro, que sente prazer em refletir sobre cada parágrafo. Não é para aqueles que querem uma leitura fácil ou uma leitura sem muito conteúdo. É um livro que pode ser tanto uma desilusão quanto uma preciosidade dependendo de quem o lê.
Se você gostou da resenha e quer conhecer outro livro de contos, confira a resenha de As coisas que perdemos no fogo!
“Coca-Cola, pediu novamente. Seu João Meriti ordenou: manda buscar uma caixa lá em Valadares. Dia seguinte estava lá, uma caixa, aquela Coca de vidro, média. Poderia tomar uma por dia, só. Seu João Meriti, o Prefeito, queria tratar bem aquele menino de cidade, ali, na pequena Marilac. Sabe atirar? Vem cá aprender."
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