Resenha: Coraline

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Nunca havia lido Coraline. Eu sei. Shame on me. Mas acredito que os livros certos nos encontram nas horas certas e com Coraline não foi diferente. Em uma edição comemorativa, ilustrada, o clássico de Neil Gaiman entrou na minha vida pra nunca mais ser esquecido. Saiba mais sobre o livro na resenha de Coraline!

"Certas portas não devem ser abertas. E Coraline descobre isso pouco tempo depois de chegar com os pais à sua nova casa, um apartamento em um casarão antigo ocupado por vizinhos excêntricos e envolto por uma névoa insistente, um mundo de estranhezas e magia, o tipo de universo que apenas Neil Gaiman pode criar.

Ao abrir uma porta misteriosa na sala de casa, a menina se depara com um lugar macabro e fascinante. Ali, naquele outro mundo, seus outros pais são criaturas muito pálidas, com botões negros no lugar dos olhos, sempre dispostos a lhe dar atenção, fazer suas comidas preferidas e mostrar os brinquedos mais divertidos. Coraline enfim se sente... em casa. Mas essa sensação logo desaparece, quando ela descobre que o lugar guarda mistérios e perigos, e a menina se dá conta de que voltar para sua verdadeira casa vai ser muito mais difícil — e assustador — do que imaginava.

Publicado pela primeira vez em 2002, Coraline foi o primeiro livro de Neil Gaiman para o público infantojuvenil e se tornou uma das obras mais emblemáticas do escritor. Repleta de elementos ao mesmo tempo sombrios e lúdicos, a história conquistou crianças e adultos em todo o mundo e, em 2009, ganhou as telas de cinema em uma animação dirigida por Henry Selick, de O estranho mundo de Jack. Nesta edição especial em capa dura, com introdução do autor e projeto gráfico exclusivo, coube ao renomado ilustrador Chris Riddell dar vida ao universo mágico e aterrorizante criado por Neil Gaiman."

FICHA TÉCNICA
Título: Coraline
Autora: Neil Gaiman
Ano: 2020
Páginas: 224
Idioma: Português
Editora: Intrínseca
Nota: 4/5
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A edição especial da Intrínseca, ilustrada por Chris Riddell, começa com uma introdução de Neil Gaiman falando brevemente sobre o processo de escrita de Coraline e o contexto em que a história foi concebida por ele. É interessante saber um pouco mais dos bastidores de uma narrativa tão conhecida na literatura e já deixa o leitor ainda mais aberto para o que encontrará nas próximas páginas. Coraline começou a ser escrito para uma das filhas do autor e, na época que a história foi concluída, já era dedicada à outra filha de Gaiman.

“Eu queria escrever uma história para as minhas filhas que contasse algo que eu gostaria de ter sabido suando era garoto: ser corajoso não significa não ter medo. Ser corajoso significa estar com medo, muito medo, mas mesmo assim fazer o que é certo.” Página 13


Desde as primeiras páginas conhecemos Coraline como uma garota curiosa, inteligente e inquieta. Seu espírito de aventureira dá as caras desde sua primeira fala e se mantém presente ao longo de todo o livro. Mesmo em meio a outros personagens bem marcantes, Coraline se destaca e cativa o leitor de forma única. Não à toa é uma das personagens favoritas de leitores ao redor do mundo. 

Coragem é a lição que permeia todo o livro e tem em Coraline um exemplo inspirador para os leitores. Como é dito pelo próprio autor, ser corajoso significa estar com medo, muito medo, mas mesmo assim fazer o que é certo. E é justamente isso que Coraline mostra aos leitores, ao se ver presa em um mundo aterrorizante sem muito para confortá-la. Como uma astuta criança, ela encontra companheiros inesperados que a ajudam a superar os obstáculos, mas parte de Coraline a inteligência e engenhosidade.


Neil Gaiman tem uma habilidade ímpar de criar histórias incríveis que geram empatia no leitor por meio de personagens encantadores. Coraline é uma menina adorável, com uma língua solta que rende risadas e uma inteligência surpreendente. O autor também consegue prender o leitor desde a primeira página, criando mitologias próprias e enredos redondinhos, que entretém e prendem a atenção. Suas histórias são belos exemplos de storytelling e Coraline mostra, em poucas páginas, o talento já reconhecido do autor.

Mesmo com o uso de poucas palavras, tendo em vista que o livro foi escrito para as filhas, jovens, do autor, Coraline é um exemplo daqueles livros que, mesmo de forma sucinta, conseguem ativar o imaginário do leitor e fazer com que os cenários sejam criados em nossas mentes de forma rápida e eficiente. As ilustrações dessa edição especial ainda dão um toque a mais e contextualizam ainda mais o leitor e enriquecem a leitura. 


A edição publicada pela Intrínseca é um belo presente para colecionadores e amantes da história de Coraline. Com capa dura e com todas as aberturas de capítulo ilustradas, pintura trilateral roxa, fitilho e um marcador exclusivo, Coraline é um belíssimo livro para se ter na estante e para babar ao longo da leitura. A escolha de uma fonte maior, com um espaçamento entre linhas bem agradável também torna o livro uma excelente opção para jovens leitores. 

Mesmo que a história seja assustadora, não sendo recomendada para crianças muito pequenas, Coraline é uma leitura que agrada jovens há anos e também encontra no público mais adulto um conforto necessário. É uma história para ser passada de geração em geração, como já vem sendo feita, conquistando públicos há anos. 

“- Gatos não têm nomes - disse ele. 
- Não? 
- - Não. Vocês, pessoas, têm nomes. É porque vocês não sabem quem são. Nós sabemos que somos, então não precisamos de nomes.” Página 65


Coraline é um daqueles livros para ler de uma vez só, em uma sentada. Com muitos diálogos, um ritmo narrativo rápido e cenários fascinantes, Coraline prende o leitor desde a primeira página e só o solta quando ele passa a última. Para mim foi uma ótima leitura para curar uma ressaca literária e me divertiu bastante. Coraline veio na hora certa e cumpriu um importantíssimo papel, como alguns dos melhores livros: nos dá um universo novo para fugirmos no nosso. 

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“Coraline acordou com o radiante sol da manhã batendo em seu rosto. Por um instante, sentiu-se deslocada. Não sabia onde estava nem tinha muita certeza de quem era. É assombroso que aquilo de que somos feitos esteja tão ligado à cama onde acordamos pela manhã, e o mais assustador é a fragilidade disso.” Página 103





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