Já havia lido algumas coisas sobre o
livro O Inferno de Gabriel e comentários na internet comparando-o a 50 Tons de
Cinza. (Apesar da referência, continue lendo a resenha, por favor) Só havia
lido feedbacks positivos sobre o
livro, então decidi comprovar por mim mesma. Já respondo a uma pergunta logo de
cara: Não! O livro não tem absolutamente nada a ver com a trilogia 50 Tons de
Cinza. E digo mais, a trilogia O Inferno de Gabriel virou um dos meus tesouros.
Como li em uma das resenhas sobre o
livro, você não consegue parar de ler O Inferno de Gabriel e nem sabe o porquê.
O livro pode ser baseado em clichês como a garota pobre que sempre amou o homem
rico e a aluna se envolvendo com professor, mas fica por aÃ. A narrativa é
envolvente e muito bem estruturada. É impossÃvel se perder ao longo da
história, os diálogos são inteligentes e os personagens são profundos e nada
previsÃveis.
Assim como vários livros são citados
como Romeu e Julieta dos dias de hoje, a trilogia O Inferno de Gabriel é a
história de Dante e Beatriz da Divina Comédia contextualizada nos nossos dias,
pode-se dizer assim. A história faz inúmeras referências ao clássico de Dante
Alighieri.
“A salvação de um
homem. O despertar da sexualidade de uma mulher.
Enigmático e sedutor,
Gabriel Emerson é um renomado especialista em Dante. Durante o dia assume a
fachada de um rigoroso professor universitário, mas à noite se entrega a uma
desinibida vida de prazeres sem limites.
O que ninguém sabe é
que tanto sua máscara de frieza quanto sua extrema sensualidade na verdade
escondem uma alma atormentada pelas feridas do passado. Gabriel se tortura
pelos erros que cometeu e acredita que para ele não há mais nenhuma esperança
ou chance de se redimir dos pecados.
Julia Mitchell é uma
jovem doce e inocente que luta para superar os traumas de uma infância difÃcil,
marcada pela negligência dos pais. Quando vai fazer mestrado na Universidade de
Toronto, ela sabe que reencontrará alguém importante – um homem que viu apenas
uma vez, mas que nunca conseguiu esquecer.
Assim que põe os
olhos em Julia, Gabriel é tomado por uma estranha sensação de familiaridade,
embora não saiba dizer por quê. A inexplicável e profunda conexão que existe
entre eles deixa o professor numa situação delicada, que colocará sua carreira
em risco e o obrigará a enfrentar os fantasmas dos quais sempre tentou fugir.
Primeiro livro de uma
trilogia, O inferno de Gabriel explora com brilhantismo a sensualidade de uma
paixão proibida. É a história envolvente de dois amantes lutando para superar
seus infernos pessoais e enfim viver a redenção que só o verdadeiro amor torna
possÃvel.”
O primeiro livro da trilogia nos
apresenta a ponta do iceberg da
história de Gabriel e Julianne, introduzindo seus passados e nos apresentando
os personagens. Exatamente como é explicitado acima, o livro explora
brilhantemente o reencontro dos dois.
Comparar a escrita de O Inferno de
Gabriel com 50 Tons de Cinza é, no mÃnimo, inadequado. O sadomasoquismo não é
abordado como tema (só é citado como uma experiência passada, mas não é
descrito nem explorado por mais de algumas linhas) e o livro não possui de
maneira alguma excesso de cenas eróticas. O livro é escrito de maneira
exemplar, possui um vocabulário digno de se referir à Divina Comédia e aborda
questões do Ãntimo de Gabriel e Julia com precisão. Sylvain Reynard escreve
como quem sabe o que está dizendo e mostra que possui um vasto conhecimento de
literatura, lÃnguas e cultura. O Inferno de Gabriel é robusto e inteligente,
mas sem chatear ou enjoar o leitor, não pensei em abandonar a leitura nenhuma
vez. Ao longo da narrativa Sylvain mostra que sabe o que está dizendo sem
“forçar a barra” com as referências e diálogos, não precisa ser um especialista
em Dante como o Professor Emerson para se apaixonar pela história e se encantar
pela inocência e inteligência de Julianne.
Para mim, um livro é considerado bom
quando ele acrescenta alguma coisa à minha vida. Nesse quesito, O Inferno de
Gabriel é ótimo. Não vou comentar o que me acrescentou porque acho isso muito
subjetivo e cada um deve ter sua própria leitura e interpretação, mas é
impossÃvel ler a trilogia e dizer que não tirou nada de bom da história, mesmo
o mais crÃtico dos leitores.
A leitura é fácil e flui de maneira bem
positiva. Não achei nenhuma parte desnecessária, todas as cenas vão
caracterizando um conjunto que se desenvolve até o fim da trilogia. O Inferno
de Gabriel vai me acompanhar por um bom tempo, tanto suas referências, quanto o
autoconhecimento adquirido com a trilogia. Entrou definitivamente na minha
lista de queridinhos.
O Inferno de Gabriel foi escrito por Sylvain Reynard e publicado no Brasil pela editora
Arqueiro. O segundo volume é intitulado O Julgamento de Gabriel e o
último A Redenção de Gabriel.
Classificação: 5/5 estrelas.
“A princÃpio, não a
reconheceu. Sua beleza era de tirar o fôlego. Seus movimentos, graciosos e
confiantes. Porém havia algo em seu rosto e em suas formas que lhe lembrou a
jovem pela qual se apaixonara tempos atrás. Cada um deles havia seguido seu
caminho, mas o poeta sempre lamentaria a perda de seu anjo, de sua muda, de sua
amada Beatriz. Sem ela, sua vida era solitária e insignificante.
Agora, lá estava a sua bem-aventurança.”
Gostou da resenha? Já leu o livro ou ficou com vontade de ler? Não deixe
de comentar!